Ainda há oprimidos a que a pedagogia deve atender?
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«Sofrem uma dualidade que se instala na "inferioridade" do seu ser. Descobrem que, não sendo livres, não chegam a ser autenticamente. Querem ser, mas temem ser. São eles e ao mesmo tempo são o outro introjetado neles, como consciência opressora. Sua luta se trava entre serem eles mesmos ou serem duplos. Entre expulsarem ou não o opressor "dentro" de si. Entre se desalienarem ou se manterem alienados. Entre seguirem prescrições ou terem opções. Entre serem espectadores ou atores. Entre atuarem ou terem a ilusão de que atuam na atuação dos opressores. Entre dizerem a palavra ou não terem voz, castrados no seu poder de criar e recriar, no seu poder de transformar o mundo.
Este é o trágico dilema dos oprimidos, que a sua pedagogia tem que enfrentar.
A libertação é, por isso, um parto. E um parto doloroso. O homem que nasce deste parto é um homem novo que só é viável na e pela superação da contradição opressores-oprimidos, que é a humanização de todos
A superação da contradição é o parto que traz ao mundo este homem novo, não mais opressor; nãok mais oprimido, mas homem libertando-se.»
Freire, P. (2018). Pedagogia do Oprimido (p.40). Lisboa: Ed. Afrontamento.
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