Para compreender o movimento Woke. 1. A injustiça estrutural
«Na segunda metade do século XX tentou-se construir uma sociedade inclusiva que não negasse benefícios e privilégios aos seus membros com base em características moralmente arbitrárias. Este ideal continua a sder aceite em praticamente todo o lado e é considerado razoável. No entanto, nas últimas décadas, cresceu a frustração devido à demora na implementação desse ideal. Desde a abolição das leis Jim Crow, em meados da década de 1960, as populações negra e branca dos Estados Unidos passaram a ser consideradas iguais e a ter os mesmos dirteitos políticos. No entanto, os norte americanos brancos continuam a ser detentores de um património significativamente superior ao da população negra. Também na Alemanha, as pessoas com origens migatórias têm apenas metade do património da média. As mulheres, em média, ganham menos 20% do que os homens e a mobilidade socioeconómica está a estagnar.
Estas desigualdades sociais são sentidas de uma forma cada vez mais inavceitável. Mas como é possível que estes problemas de mantenham quando se sabe que os preconceitos racista e o chauvinismo sexista diminuiram e são largamente ostracizados a nível social? A este respeito surgiu rapidamente a suspeita de que a injustiça social não é principalmente sustentada pelos preconceitos, aversões e ações discriminatórias de indivíduos, mas sim por estruturas sociais abrangentes que estão formalmente enraizadas na sociedade.
Para podermos eliminar estas formas sistémiucas de discriminação e marginalização, é necessário, em primeiro lugar, torná-las visíveis. Stay woke tornou-se um slogan: mantenha-se desperto para os mecanismos de opressão e discriminação que são tão fundamentais que muitas vezes padssam despercebidos. Uns veem no wokeness o único meio que restou para se alcançar uma sociedade justa, ao chamar a atenção das minorias desfavorecidas para a realidade da sua marginalização, com o objetivo de superá-la num último esforço. Outros consideram o wokeness como o fim da civilação ocidental, na qual agora, supostamente, os retóricos excessivamente sensíveis da indignação, com restrições ao pensamento e à linguagem, pretendem minar os fundamentos da sociedade democrática.»
Sauer, H. (2023). Moral. A invenção do bem e do mal (pp.243-244). Porto Salvo: Edições Saída de Emergência.
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