«Para além das vantagens educativas gerais que uma família abastada pode proporcionar, os resultados dos privilegiados no SAT [Scholastic Aptitud Test, uma versão do teste de QI usado pelo exército americano durante a Primeira Guerra Mundial, utilizado para seleção ao ensino superior] são potenciados por cursos de preparação e explicadores particulares. Em lugares como Manhattan, alguns chegam a cobrar até mil dólares por uma hora de explicação. Paralelamente à intensificação da concorrência meritocrática pelas admissões universitárias nas últimas décadas, sessões de explicação e cursos de preparação para o SAT tornaram-se um negócio que move mais de mil milhões de dólares.
(...) para aqueles cujos resultados no SAT e notas escolares diferem, o SAT ajuda os privilegiados e prejudica os desfavorecidos.
Embora as notas do ensino secundário estejam, em certa medida, correlacionadas com os rendimentos familiares, isto é ainda mais verdade para os resultados do SAT. (...) As explicações particulares ajudam, e daí surgiu toda uma indústria lucrativa que ensina aos estudantes do ensino secundário os truques e as artimanhas para melhorarem os seus resultados no teste.»
Sandel, M. J. (2022). A Tirania do Mérito. O que aconteceu ao bem comum? (pp.192-4). Lisboa: Editorial Presença.
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