Relações professor/escola-aluno
«Quando estes alunos [em risco de abandono escolar] precisavam de um quadro relacional pautado pelo cuidado, atenção, proiximidade e respeito, quando estes alunos precisavam de contar com professores e técnicos e com toda uma comunidade escolar a dizer-fazer "nós acreditamos em ti, tu podes aprender, crescer e desenvolver-te como qualquer outro menino ou menina; acredita, tu tens esta e esta capacidade que vais desenvolver com o nosso apoio e encorajamento, levanta-te!", não, esfregamos-lhe na cara, com grande agressividade verbal (pelo menos), o bolo das suas misérias, fazendo-o perder não só a visão da escola como algo positivo, capaz de neles acreditar e de os promover, um a um, como uma visão positiva sobre si mesmos.
Ao Américo, como vimos, os seus professores escreveram-lhe, numa apreciação de fim de ano letivo, após quatro reprovações, que "o aluno deve reconsiderar a sua visão da escola, uma vez que demonstra, se quiser, capacidades para alcançar o sucesso educativo". Esta frase é uma pérola negra! É sempre o aluno que tem que mudar a sua visão da escola, nunca é esta que tem de mudar a sua visão do aluno. E como é que sem a escola mudar a sua visão do aluno, este pode vir a mudar a sua visão da escola? Trata-se da inversão das responsabilidades e mais uma forma subtil de a escola se colocar no ângulo morto, tentando lavar as mãos.»
Azevedo, J. (2024). Modo de Produção da Exclusão Escolar. Olhar a escola a partir dos excluídos (pp.170). Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão.
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