Estaremos preparados para o futuro?


«Penso que se poderá defender que a sabedoria e a cooperação a larga escala são as suas qualidades atualmente mais necessárias para garantir um grande futuro à nossa civilização que brotou da Terra. Também acho que a riqueza, a estabilidade, a segurança e a paz são melhores para a sabedoria e para a cooperação global do que os seus opostos. É por isso que devemos acolher alegremente os avanços nesses sentidos, não só porque são bons para nós neste momento, mas também porque são bons para o futuro da humanidade.

Isto não quer dizer que o anterior progresso nesses sentidos tenha sido bom para o futuro da humanidade. Será que se a nossa espécie tivesse permanecido mais tempo nas condições "pobres, más e brutais" em que os nossos antepassados evoluíram para humanos, antes de entrarmos na era industrial, nos teríamos tornado "mais humanos" do que somos agora, em termos genéticos e culturais? Será que saímos do "forno" demasiado cedo? Será que nos teríamos preparado melhor para o derradeiro salto em direção à era da inteligência artificial se tivessemos passado mais algumas centenas de milhares de anos a arremessar lanças e a contar histórias em volta de fogueiras?

Talvez sim, talvez não. Não se sabe quase nada quanto a isso. Ainda estamos espantosamente às escuras naquilo que diz respeito à direcionalidade macroestratégica das coisas.»

Bostrom, N. (2024). Utopia Profunda. A vida e o seu sentido num mundo perfeito (pp. 28-9). Lisboa: Dom Quixote.

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