Para compreender a crise da democracia representativa na Europa
O último número da Revista
Portuguesa de Filosofia abre com um artigo de Viriato Soromenho Marques,
que aprofunda uma reflexão já publicada na sua obra Portugal na Queda da Europa (2014), sobre o crescente populismo na
Europa enquanto segunda fase da erosão da moderna democracia representativa,
reiterando a solução do federalismo para a União Europeia.
A filosofia “ao serviço” da compreensão do mundo.
Para aguçar o apetite:
«O avanço de forças políticas, genericamente designadas como
populistas, começou por ser visível na Europa. Em países como a Hungria e a
Polónia, essas forças, defensoras de uma agenda agressiva de renacionalização
em todas as frentes das políticas públicas, chegaram mesmo ao governo. A sua
atuação concentra-se num executivo forte, limitador tanto dos poderes
legislativo como judicial, reivindicando um protecionismo económico, o reerguer
das fronteiras e a expulsão ou redução dos imigrantes no seu território. São
forças políticas hostis a qualquer forma de integração europeia, que se
confundem, de modo simplista, com o processo mais vasto e complexo da
globalização. Na verdade, o populismo crescente – que se fortaleceu enormemente
pelo Brexit e pela vitória presidencial de Donald Trump nos EUA – pode ser
visto como a segunda fase da degradação da democracia representativa nos países
integrados na União Europeia, desde o desencadear da crise financeira global em
2008. A primeira fase ocorreu entre esse ano e 2014, com o agravar da “crise
das dívidas soberanas” e a incapacidade de dar resposta às desastrosas
consequências económicas e sociais geradas pela errada política de austeridades
imposta pelo governo alemão e seus aliados estaduais e institucionais. (…)»
Viriato Soromenho Marques, “A segunda crise global da
democracia representativa. Uma perspetiva europeia”, in Revista Portuguesa de Filosofia, 2016, vol. 72(4), pp. 857-858.
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