Não há ensinar sem educar, inevitavelmente!
É preciso ir um pouco mais longe quanto à ideia de que o
professor também deve ser um educador: é que não é mesmo possível ensinar, o
que quer que seja, sem educar.
Imagine-se um professor de Matemática que, supostamente, a
única coisa que faria era ensinar Matemática. Mas se isso não é desejável,
também não é possível: ao chegar à porta da sala de aula junto dos alunos diz (ou
não diz) “bom dia!”; quando não está a fazer demonstrações matemáticas, dialoga
(ou não) de uma certa maneira com os seus alunos, chama a atenção de uma certa
maneira quando se distraem ou conversam com o colega do lado; manifesta-se a
propósito do uso ou não de chapéu, se ouvem com atenção os colegas ou se
interrompem os outros; é (mais ou menos) simpático, cria ou não empatia… E
os exemplos poderiam continuar. Portanto, desde os pormenores menos
significativos – como não usar chapéu (o que muitas vezes só serve para criar
conflitos e é completamente irrelevante para a aprendizagem!) –, até aos
aspetos mais importantes, como habituar os alunos a ouvirem-se mutuamente com
respeito, passando pelo reconhecimento das especificidades do outro ser humano,
que é o aluno, por exemplo, na forma como aprende – se a ouvir musica (com
auriculares) enquanto faz exercícios, se a dialogar com o colega do lado, se em
grupo, se através de modelos visuais... –, tudo o que um professor, enquanto
adulto que é, fizer ou não fizer servirá de modelo atitudinal e comportamental
para os seus alunos.
Caso um professor, digamos de Matemática, não deseje educar
enquanto está a ensinar, pode mesmo dar-se o caso de não só estar a educar,
como poder estar a modelar atitudes e comportamentos social e racionalmente injustificados
e, portanto, indesejáveis! E quer essa modelação desadequada seja consciente ou
inconsciente por parte do professor, trata-se, de qualquer modo, de uma
disfuncionalidade profissional – era suposto um profissional da educação não o fazer!
É, portanto, impossível ensinar sem educar. Então, como se trata
de coisa importante é melhor que seja consciencializado, por um lado,
pelos professores – profissionais da educação e, por isso, obrigatoriamente conhecedores do
fenómeno educacional, em toda a sua relevante amplitude – e, por outro lado,
pelos pais, que deverão perceber (e confiar) que o professor é um excelente
auxiliar – já que se trata de um profissional – na educação do seu filho.
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