Raça e racismo – não verdade, mas construção política!

«(…) Ao longo da história, o racismo enquanto preconceito étnico associado a ações discriminatórias foi motivado por projetos políticos.

Como é possível que a mesma pessoa seja considerada negra nos Estados Unidos, de cor nas Caraíbas ou na África do Sul, e branca no Brasil? (…) As classificações podem moldar o comportamento humano em todos os níveis da sociedade. Neste caso, parecia óbvio que as classificações raciais tinham o poder imenso de escalonar os grupos sociais, bem como de impor limitações e oportunidades às populações dos países envolvidos. (…) Nos Estados Unidos, uma gota de sangue africano define um indivíduo como sendo negro, ao passo que, no Brasil, o estatuto de classe média embranquece a tez humana. (…) A classificação racial, vista como reforço dos preconceitos racistas, foi oficialmente abolida pelos franceses, ao passo que, nos Estados Unidos, a classificação racial faz parte de todos os inquéritos burocráticos, especialmente no caso de quem pretende entrar no país. Ao mesmo tempo, os afro-americanos apoderaram-se do termo raça para o usar como expressão de identidade coletiva e como ferramenta política contra a discriminação. O conceito de classificação racial enquanto construção social que servia para justificar hierarquias e monopolizar recursos foi subvertido.»

Bethencourt, F. (2015). Racismos. Das cruzadas ao séc. XX (p. 18). Lisboa: Círculo de Leitores.

Comentários

Mensagens populares