Sobre a autoridade – Oh, Rousseau! Tão mal compreendido!

«A natureza vai em seu auxílio, através do apego dos pais: mas esse apego pode ter os seus excessos, as suas falhas, os seus abusos. (…) O homem sábio sabe manter-se no seu lugar; mas a criança, que não conhece o seu, não poderá manter-se nele. (…) Está submetida aos outros só por causa das suas necessidades e porque eles veem melhor o que lhe é útil, o que pode contribuir para ou prejudicar a sua conservação.
(…)
A natureza fez as crianças para serem amadas e socorridas; mas fê-las para serem obedecidas e temidas? (…) Se considerarmos a infância em si mesma, há no mundo um ser mais fraco, mais miserável, mais à mercê de tudo quanto o rodeia, que tenha uma tão grande necessidade de compaixão, de cuidados, de proteção, do que uma criança? (…) Se não há objeto mais digno de irrisão do que uma criança arrogante, não há objeto mais digno de piedade do que uma criança medrosa. (…) Que esses professores severos, que esses pais escravizados pelos filhos venham, pois, uns e outros, com as suas frívolas objeções, e que antes de gabar os seus métodos aprendam, de uma vez, o da natureza.»

Rousseau, J.-J. (1762). Émile ou De l’Éducation (pp. 100, 105, 106). Paris: Garnier-Flammarion (1966).

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