Porque os cérebros dos alunos não gostam da escola… e como poderão passar a gostar!


«A escola não pode ignorar algumas questões. E uma delas, se não for a mais importante, é a razão pela qual os alunos não gostam da escola. Pelo que lemos e nos deparamos com trabalho que desenvolvemos em escolas, a grande maioria das crianças não gosta da escola (algumas odeiam!), porque na escola elas não são livres. A felicidade na aprendizagem requer proatividade e liberdade de quem está a aprender e a escola atual parece estar a funcionar como uma prisão. É muito importante que as escolas rompam com o modelo de ensino praticado na era industrial e não olhem para os seus alunos como seres inertes e apenas recetores de informação. O envolvimento do próprio nas suas aprendizagens é, desde o início, a primeira garantia de sucesso académico.
Basta relembrarmos os estudos sobre a curiosidade e como o cérebro ativa áreas que irão favorecer o processamento de memórias. Recrutamos mais energia e atenção quando queremos trabalhar sobre o assunto que nos interessa e este mecanismo na procura do saber será sempre a chama da aprendizagem.
O modelo de educação não pode ignorar a curiosidade das crianças e dos jovens nem trabalhar sob a pressão do medo do erro. A aprendizagem sob um clima de regime educativo despótico conseguia sobreviver há uns anos atrás, mas atualmente está completamente condenada ao insucesso, sobretudo no que diz respeito à aprendizagem significativa e de longo termo. Dar voz e ação à criança, respeitando o seu ritmo de aprendizagem, não se coaduna com grupos/turmas de grandes dimensões, nem com currículos e agendas escolares que não deem tempo e espaço para que a criança faça as suas aquisições com tranquilidade.
Desenvolver experiências (que promovem o pensamento científico) e construir projetos (que promovem o pensar sobre a aplicação do conhecimento científico) são alguns exemplos de como diversos conteúdos e competências podem ser trabalhadas e como, neste tipo de tarefas, o envolvimento dos alunos (seja qual for a idade) pode ser de tal forma estimulante que os próprios até dispensam o intervalo das aulas.
Uma das formas de travar a crescente alienação dos alunos na escola também passa por permitir a participação das crianças e jovens na discussão sobre a educação, como, por exemplo, partilharem as suas próprias inquietações sobre a escola, o que as valoriza na identificação dos problemas e as motiva a “arregaçarem as mangas” para contribuírem, à sua medida, na mudança, quer individual, quer de grupo. O planeamento das atividades escolares e o seu cumprimento será mais bem-sucedido quanto maior for o envolvimento e compromisso estabelecido pelo próprio aluno.»
Rato, J. & Castro Caldas, A. (2017). Quando o Cérebro do seu Filho vai à Escola (p. 118-119). Lisboa: Verso de Kapa.

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