O futebol veio substituir a guerra!


https://en.as.com/en/2016/07/04/football/1467633548_668985.html
«O Estado-nação tornou-se o núcleo principal da lealdade para a maior parte das pessoas, acima até da religião. A religião tem de se render à autoridade do Estado-nação. Como função de estatuto, o Estado-nação é único, no sentido não apenas de ter um poder deôntico, mas também um poder político e militar, e de ocupar um território. Assim, o Estado-nação tem um território e um poder militar e político e, além da autoridade do Estado, tem todo o estatuto associado à nação. (…) Eu sinto-me americano, e isto tem sido uma fonte enorme de identificação e, de modo geral no séc. XX, com resultados absolutamente catastróficos. Os europeus tiveram duas guerras atrozes. É difícil acreditar que os franceses e os alemães já não estejam a matar-se entre si, como fizeram durante tanto tempo. E, aparentemente, inventaram este substituto espetacular: o futebol. O substituto europeu contemporâneo da guerra é o futebol. Prova disso é que quando a equipa francesa ganhou o Mundial de Futebol, as comemorações em Paris foram maiores, literalmente, do que qualquer outra com exceção das comemorações do fim da Segunda Guerra Mundial. Portanto, o único rival do Mundial de Futebol foi a Segunda Guerra Mundial. É uma coisa fantástica. Os europeus inventaram um substituto da guerra entre os Estados nacionais, e este substituto é o futebol entre os Estados nacionais.»

Searle, J. R. (2019). Da Realidade Física à Realidade Humana (pp. 244-5). Lisboa: Gradiva.

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