A crescente desigualdade entre diplomados e não diplomados


«Desde o final da Segunda Guerra Mundial até à década de 1970, quem carecesse de um diploma universitário podia encontrar um bom emprego, sustentar uma família e viver uma confortável vida de classe média. Hoje, isto é muito mais difícil. Ao longo das últimas quatro décadas, a diferença de rendimentos entre os finalistas do secundário e os licenciados - aquilo a que os economistas chamam o "prémio salarial dos licenciados" - duplicou. Em 1979, os diplomados universitários ganhavam cerca de 40% mais do que  aqueles com um diploma do ensino secundário; na década de 2000, os seus rendimentos eram 80% superiores.

Embora a era da globalização tenham recompensado ricamente os diplomados, não fez nada para melhorar a situação da maior parte dos trabalhadores comuns. Entre 1979 e 2016, o número de postos de trabalho no setor industrial nos Estados Unidos caiu de 19,5 milhões para 12 milhões. A produtividade aumentou, mas os trabalhadores recolheram uma parte cada vez mais reduzida do que produziram, enquanto executivos e acionistas açambarcaram uma quota cada vez maior. No final da década de 1970, os diretores-executivos das principais empresas norte-americanas ganhavam trinta vezes mais do que o trabalhador médio; em 2014, ganhavam trezentas vezes mais.

Em termos reais, o rendimento mediano dos homens norte-americanos está estagnado há meio século. Embora o rendimento per capita tenha aumentado 85% desde 1979, os homens brancos desprovidos de um diploma de licenciatura ganham hoje menos, em termos reais, do que então.»

Sandel, M. J. (2022). A Tirania do Mérito. O que aconteceu ao bem comum (pp. 230). Lisboa: Ed. Presença.

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