A escola moderna, segundo Coménio
« Prometemos uma organização das escolas, através da qual:
I. Toda a juventude (excepto a quem Deus negou
a inteligência) seja formada.
II. Em todas aquelas coisas que podem tornar o
homem sábio, probo e santo.
III. Que essa formação, enquanto preparação para a vida, esteja terminada antes da idade adulta.
IV. Que essa mesma formação se faça sem pancadas,
sem violências e sem qualquer constrangimento,
com a máxima delicadeza, com a máxima doçura
e
como que espontaneamente. (Da mesma
maneira que um corpo vivo cresce em estatura,
sem que tenha necessidade de mover os seus
membros nem para um lado nem para o outro,
pois basta que prudentemente seja alimentado,
ajudado e exercitado, para que, por si, pouco
a pouco, cresça em estatura e em robustez,
quase sem se aperceber disso, do mesmo modo,
se
se
alimenta, ajuda e exercita o espírito
prudentemente, essa intervenção converte-se,
por si mesma, em sabedoria, em virtude e em
piedade).
V. Que todos se formem com uma instrução não aparente, mas verdadeira, não superficial mas
sólida; ou seja, que o homem, enquanto animal
racional, se habitue a deixar-se guiar, não
pela razão dos outros, mas pela sua, e não
apenas a ler nos livros e a entender, ou ainda
a reter e a recitar de cor as opiniões dos outros,
mas a penetrar por si mesmo até ao âmago
das próprias coisas e a tirar delas conhecimentos
genuínos e utilidade. Quanto à solidez da
moral e da piedade, deve dizer-se o mesmo.
VI. Que essa formação não seja penosa, mas facílima, isto é, não consagrando senão quatro
horas por dia aos exercícios públicos e de tal
maneira que um só professor seja suficiente
para instruir, ao mesmo tempo, centenas de alunos, com um esforço dez vezes menor que
aquele que actualmente costuma dispender-se
para ensinar cada um dos alunos.»
Coménio (1626). Didática Magna, XII, 2.
Fotografia de Robert Doisneau, in:
https://webpages.ciencias.ulisboa.pt/~ommartins/images/hfe/lugares/doisneau/index.htm



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