Africa - apesar de tudo, o continente do séc. XXI?
«É tentador, mas inútil, atribuir a culpa dos conflitos africanos ao passado colonial do continente, a começar pelo facto de as fronteiras nacionais não terem nenhuma relação com as lealdades étnicas ou religiosas até ao desejo dos antigos colonizadores de conservar a influência política e económica - daí, por exemplo, a política de Françafrique seguida por sucessivos presidentes franceses (embora o presidente François Hollande tenha afirmado em 2012, de forma pouco convincente, quer era altura de dizer adeus a um termo que implicava laços políticos e económicos secretos a favor de França). O conceito da França e do Reino Unido é que - ao contrário, digamos, da Bélgica - eles eram "bons" imperialistas, proporcionando serviços públicos eficientes e espalhando os benefícios da educação. Infelizmente, muitos destes apregoados benefícios não pouparam muitas das suas antigaas colónias à violência e à guerra civil. Embora os especialistas ocidentais elogiem frequentemente o Ruanda - e, já agora, a Etiópia - pelos seus progressos económicos, os ativistas ocidentais dos direitos humanos afirmam que eles têm sido conseguidos à custa das liberdades cívicas.
No entanto, se as fronteiras mal concebidas ajudaram a provocar conflitos, redesenhá-las corre o risco de ser mais negativo do que positivo, razão pela qual a União Africana tem vindo a insistir na inviolabilidade das fronteiras em África. Apenas a Eritreia e o Sudão do Sul conseguiram separar-se com êxito de um estado africano pós-colonial.
Os otimistas consideram que África, com a sua população jovem e os seus recursos naturais, pode suplantar a Ásia como o continente do século XXI. Os pessimistas talvez deixem escapar uma gargalhada. Mas deveriam considerar os ganhos já obtidos: desde 1991, mais de 30 dirigentes ou governos africanos foram afastados do poder pacificamente através do voto - o que representa um historial muito melhor do que aquele de que o mundo árabe se pode gabar.»
Andrews. J. (2022). Os Grandes Conflitos Mundias (pp.130-1). Lisboa: Clube do Autor.



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